Yehudá Leib HaLevi Ashlag (Baal HaSulam)/Artículos
O Arvut (Garantia Mútua)
Continuação do Artigo "Matan Torá" - A Entrega da Torá
Todos de Israel são responsáveis uns pelos outros (Sanhedrin, 27b, Shavuot 39)
17) Isso é para falar do Arvut (garantia mútua), quando todo Israel se tornou responsável uns pelos outros. Porque a Torá não lhes foi dada antes de que cada um e todos de Israel fossem perguntados se concordavam em assumir a Mitzvá [mandamento] de amar os outros na medida completa, expressa nas palavras: “Ama teu amigo como a ti mesmo” como explicado no artigo “Matan Torá”, itens 2 e 93, examine-o cuidadosamente ali. Isso significa que, cada um, em Israel, se encarregaria de cuidar e trabalhar para cada membro da nação, para satisfazer todas as suas necessidades, não menos que a medida impressa nele para cuidar de suas próprias necessidades.
E uma vez que a nação inteira concordou unanimemente e disse: “Faremos e ouviremos”, cada membro de Israel tornou-se responsável para que a nenhum membro da nação faltasse nada. Só então eles se tornaram dignos de receber a Torá, e não antes.
Com esta responsabilidade coletiva, cada membro da nação foi liberado de se preocupar com as necessidades de seu próprio corpo, e pôde observar a Mitzvá, “Ama teu amigo como a ti mesmo” na medida máxima, e dar tudo o que tinha a qualquer pessoa carente, já que não mais se preocupava com a existência de seu próprio corpo, pois sabia com certeza que estava cercado por seiscentos mil amantes leais, que estavam prontos para prover para ele, como explicado no artigo “Matan Torá”, item 16.
Por esta razão, eles não estavam prontos para receber a Torá na época de Abraão, Isaque e Jacó, mas somente quando saíram do Egito e se tornaram uma nação completa. Só, então, houve a possibilidade de garantir as necessidades de todos, sem nenhum cuidado ou preocupação.
No entanto, enquanto eles ainda estavam misturados com os egípcios, uma parte de suas necessidades foi, inevitavelmente, entregue nas mãos desses selvagens, permeada de amor-próprio. Assim, a porção que é dada nas mãos de estrangeiros não será assegurada para nenhuma pessoa de Israel, porque seus amigos não poderão suprir essas demandas, pois não estarão em posse delas. Consequentemente, enquanto o indivíduo estiver preocupado consigo mesmo, ele não está apto para nem mesmo começar a observar o Mitzvá: “Ama teu amigo como a ti mesmo”.
Assim, você, evidentemente, encontra que a entrega da Torá teve que ser adiada até que eles saíssem do Egito e se tornassem uma nação por conta própria, significando que todas as suas necessidades eram providas por eles mesmos, independentemente dos outros. Isto os qualificou a receber o Arvut acima, e então lhes foi dada a Torá. Acontece que, mesmo após a recepção da Torá, se um punhado de Israel trair e retornar à imundície do amor a si mesmo, sem consideração pelos outros, aquela mesma quantia de carência que é colocada nas mãos daqueles poucos, sobrecarregaria cada um em Israel, com a obrigação de supri-la por eles mesmos, pois aqueles poucos não lhes terão nenhuma pena.
Portanto, o cumprimento da Mitzvá de amar o amigo será vedado a todo o Israel. Assim, esses rebeldes fazem com que aqueles que observam a Torá permaneçam em sua imundície de amor-próprio, pois não poderão se envolver na Mitzvá, “Ama teu amigo como a ti mesmo”, e completar seu amor pelos outros sem sua ajuda.
Portanto, você vê que todo o Israel é responsável uns pelos outros, tanto no lado positivo quanto no negativo. No lado positivo, se eles mantêm o Arvut, até o ponto onde cada um se importe e satisfaça as necessidades de seus amigos, podem observar plenamente a Torá e Mitzvot [mandamentos], o que significa trazer contentamento ao seu Criador, Item 13. No lado negativo, se uma parte da nação não deseja manter o Arvut, mas prefere se afundar em amor-próprio, eles fazem com que o restante da nação permaneça imersa em sua imundície e baixeza, sem encontrar uma saída para sua imundície.
18) Portanto, o Tana descreveu o Arvut como duas pessoas que estavam em um barco, e uma delas começou a fazer um buraco no barco. Seu amigo disse: “Por que você está furando?” Ele respondeu: “Por que deveria lhe importar? Estou furando debaixo de mim, não debaixo de você”. Então ele respondeu: “Tolo! Nós dois vamos nos afogar juntos no barco!”
Ou seja, como dissemos, uma vez que aqueles rebeldes se afundam no amor próprio, por suas ações, eles constroem um muro de ferro que impede os observadores da Torá de sequer começar a observar completamente a Torá e Mitzvot na medida das palavras “Ama teu amigo como a ti mesmo”, que é a escada para alcançar Dvekut [adesão] com Ele. De fato, quão corretas foram as palavras do provérbio que dizia: “Tolo, nós dois vamos nos afogar juntos no barco!”
19) O rabino Elazar, filho de Rashbi , esclarece ainda mais a questão do Arvut. Para ele, não basta que todo Israel seja responsável uns pelos outros, mas o mundo inteiro está incluído no Arvut. De fato, não há disputa aqui, pois todos admitem que, inicialmente, é suficiente começar com uma nação para a observância da Torá, ou seja, para o começo da correção do mundo, pois, era impossível começar com todas as nações de uma só vez. É como eles disseram, que o Criador foi com a Torá para cada nação, e língua, e eles não a receberam. Em outras palavras, eles estavam imersos na imundície do amor a si mesmos até o pescoço, alguns em adultério, outros em roubo e assassinato e assim por diante, até que era impossível conceber, naqueles dias, até mesmo perguntar se eles concordavam em abandonar o autoamor.
Portanto, o Criador não encontrou uma nação ou língua qualificada para receber a Torá, exceto os filhos de Abraão, Isaac e Jacó, cujo mérito ancestral refletia sobre eles, como nossos sábios disseram: “Os pais observavam toda a Torá até mesmo antes dela ser dada”. Isso significa que, devido à exaltação de suas almas, eles puderam alcançar todos os caminhos do Criador em relação à espiritualidade da Torá, que deriva de seu Dvekut com Ele sem precisar primeiro da escada da parte prática da Torá, que eles não tiveram nenhuma possibilidade de observar, como escrito em "Matan Torá”, Item 16.
Sem dúvida, tanto a pureza física quanto a exaltação mental de nossos santos pais influenciaram grandemente seus filhos e os filhos de seus filhos, e sua retidão se refletiu sobre aquela geração, cujos membros todos assumiram aquele trabalho sublime, cada um e todos afirmaram de forma clara: “Faremos e ouviremos”. Por causa disso, fomos escolhidos, por necessidade, para ser um povo eleito entre todas as nações. Portanto, apenas os membros da nação israelense foram admitidos no Arvut exigido, e de modo algum, as nações do mundo, uma vez que não participaram dele. Essa é a simples realidade, e assim, como o rabino Elazar poderia disputá-la?
20) Mas o fim da correção do mundo será somente em trazer todas as pessoas no mundo sob Sua obra, como está escrito: “E o Senhor será Rei sobre toda a terra; naquele dia, o Senhor será um, e o Seu nome será um” . O texto especifica “naquele dia”, e não antes. E há mais outros versos: “Pois a terra estará cheia do conhecimento do Senhor…” “… e todas as nações fluirão para Ele” .
Mas o papel de Israel em relação ao resto do mundo se assemelha ao papel dos nossos santos pais em relação à nação israelense: como a retidão de nossos pais nos ajudou a desenvolver e purificar até nos tornarmos dignos de receber a Torá, se não fosse por nossos pais, que observaram toda a Torá antes que ela fosse dada, certamente não seríamos melhores que o resto das nações, como mencionado no item 12, então, cabe à nação israelita, através da Torá e Mitzvot, qualificar-se a si mesma e a todos os povos do mundo para se desenvolverem até que assumam aquele trabalho sublime de amar os outros. Essa é a escada para o propósito da Criação, que é Dvekut com Ele.
Assim, toda e qualquer Mitzvá que cada pessoa de Israel realiza para trazer contentamento ao seu Criador, e não para qualquer recompensa e para o amor-próprio, ajuda, até certo ponto, com o desenvolvimento de todas as pessoas do mundo. Isso porque não é feito de uma só vez, mas por um desenvolvimento lento e gradual, até que aumente a tal ponto que possa trazer todas as pessoas do mundo à pureza desejada. E isso é o que nossos sábios chamam de “mover a balança para o mérito”, ou seja, que o peso necessário da pureza foi alcançado. Eles comparam isso a uma balança, onde o deslocamento da balança é a obtenção do peso desejado.
21) Essas são as palavras do rabino Elazar, filho do rabino Shimon, que disse que o mundo é julgado por sua maioria. Ele estava se referindo ao papel da nação israelense para qualificar o mundo para uma certa medida de pureza, até que eles sejam dignos de assumir o Seu trabalho, nada menos como Israel era digno no momento em que receberam a Torá. Nas palavras de nossos sábios, considera-se que eles tinham alcançado virtudes suficientes para superar o lado do pecado, que é o imundo amor a si mesmo.
Claramente, se o lado do mérito, que é a sublime conquista do benefício de amar os outros, transcende o lado imundo do pecado, eles se tornam qualificados para a decisão e o acordo de dizer: “Faremos e ouviremos”, como Israel disse. Porém, antes que obtenham méritos suficientes, o autoamor certamente prevalecerá, e eles se recusarão a assumir o Seu fardo.
Nossos sábios disseram: “Quem realiza uma Mitzvá é feliz, pois condenou a si mesmo e ao mundo inteiro ao lado de mérito”. Isso significa que um indivíduo de Israel finalmente acrescenta sua própria parte à decisão final, como aquele que pesa sementes de gergelim e as acrescenta uma a uma à balança, até que o equilíbrio mude. Certamente, todos participam dessa mudança pois, sem ela, a sentença nunca seria concluída. Da mesma forma, se diz sobre os atos de um indivíduo de Israel, que ele condena o mundo inteiro ao lado do mérito. Isso é porque, quando a questão terminar e o mundo inteiro tiver sido condenado ao lado do mérito, todos e cada um terão uma parte nessa mudança, pois, se não fosse por suas ações, a mudança teria sido deficiente.
Assim, você descobre que o Rabino Elazar, filho do Rabino Shimon, não contesta as palavras de nossos sábios que todos em Israel são responsáveis uns pelos outros. Ao contrário, o Rabino Elazar, filho do Rabino Shimon, fala da correção do mundo inteiro no futuro, enquanto nossos sábios falam do presente, quando apenas Israel assumiu a Torá.
22) E é isso que o Rabino Elazar, filho do Rabino Shimon, cita dos escritos: “Um pecador destrói muito bem”. Isso ocorre porque já foi explicado no Item 20 que a impressão que chega a uma pessoa quando se envolve em Mitzvot entre o homem e o Criador é completamente a mesma impressão que ela recebe quando se envolve em Mitzvot entre o homem e o homem uma vez que a pessoa é obrigada a realizar todos as Mitzvot Lishmá (para o bem d’Ela), sem nenhuma esperança de autoamor, o que significa que nenhuma luz ou esperança retorna para ela através de seus problemas na forma de recompensa ou honra, etc. Aqui, neste ponto exaltado, o amor do Criador e o amor de seu amigo se unem e realmente se tornam um só, como dito no artigo “Matan Torá”, Item 15.
Desta forma, a pessoa afeta uma certa medida de avanço na escada do amor aos outros em todas as pessoas do mundo em geral, uma vez que aquele grau, o qual o indivíduo causou por suas ações, sejam elas grandes ou pequenas, finalmente se une ao futuro na mudança do mundo para o lado do mérito, uma vez que sua parte foi adicionada e se une à mudança.
Como descrito no item 20, na alegoria sobre as sementes de gergelim, aquele que comete um pecado, o que significa que não pode vencer e conquistar seu imundo amor-próprio, portanto, rouba ou faz algo do gênero, condena-se a si mesmo e ao mundo inteiro ao lado do pecado. Isso ocorre porque, com a revelação da imundície do amor-próprio, a natureza baixa da Criação é reforçada. Assim, ele retira uma certa quantidade da sentença para o lado do mérito final, como uma pessoa removendo da balança aquela única semente de gergelim que seu amigo havia colocado ali.
Assim, nessa medida, ele eleva ligeiramente o lado do pecado. Acontece que ele regressa ao mundo, como dizem: “Um pecador destrói muito bem”. Por não conseguir superar sua luxúria mesquinha, ele empurrou a espiritualidade do mundo inteiro para trás.
23) Com estas palavras, entendemos claramente o que dissemos acima no item 5, sobre a Torá ser dada especificamente à nação israelita, porque é certo e inequívoco que o propósito da criação está nos ombros de toda a raça humana, negra, branca ou amarela, sem nenhuma diferença essencial.
Mas, devido à descida da natureza humana ao grau mais baixo, que é o amor-próprio que reina sobre toda a humanidade sem restrições, não havia como negociar com eles e persuadi-los a aceitarem assumir, mesmo como uma mera promessa, sair de seu mundo estreito para os amplos espaços do amor pelos outros. A exceção foi a nação israelita porque eles foram escravizados no reino selvagem do Egito por quatrocentos anos em tormentos horríveis.
Nossos sábios disseram: “Como o sal adoça a carne, a agonia pole os pecados do homem”. Isso significa que eles trazem para o corpo uma grande purificação. Além disso, a purificação de seus santos pais os ajudou, como dito no item 16, que é o mais importante, como testemunham alguns dos versos da Torá.
Por causa desses dois prefácios, eles foram qualificados para isso. E é por isso que o texto se refere a eles de forma singular, como está escrito: “E Israel acampou ali diante da montanha”, que nossos sábios interpretam como, “como um só homem com um só coração”.
Isso é porque cada e toda pessoa da nação se desligou completamente do amor-próprio e queriam apenas beneficiar seu amigo, como mostramos acima no item 16, sobre o significado da Mitzvá: “Ama teu amigo e a ti mesmo”. Acontece que todos os indivíduos na nação se uniram e se tornaram um só coração e um só homem, pois somente então estavam qualificados para receber a Torá.
24) Assim, por causa da necessidade acima, a Torá foi dada especificamente à nação israelita, exclusivamente aos descendentes de Abraão, Isaque e Jacó, pois era inconcebível que qualquer estranho participasse disso. No entanto, por causa disso, a nação israelita havia sido construída como uma espécie de porta de entrada pela qual as centelhas de pureza brilhariam sobre toda a raça humana em todo o mundo.
E essas faíscas se multiplicam diariamente, como quem entrega ao tesoureiro, até estarem suficientemente cheias, ou seja, até que se desenvolvam a tal ponto que possam entender o prazer e a tranquilidade que se encontram no âmago do amor aos outros, pois então elas saberão como mudar o equilíbrio para o lado do mérito, e se colocarão sob Seu fardo, e o lado do pecado será erradicado da terra.
25) Agora resta completar o que dissemos no artigo anterior, “Matan Torá”, item 16, sobre a razão pela qual a Torá não foi dada aos pais, uma vez que a Mitzvá, “Ama teu amigo como a ti mesmo”, o eixo de toda a Torá e, ao redor da qual, todas as Mitzvot giram, de modo a esclarecê-los e interpretá-los, não pode ser observada por um indivíduo, mas apenas pelo consentimento prévio de uma nação inteira.
É por isso que demorou até que saíssem do Egito, quando se tornaram dignos de observá-la, quando lhes perguntaram, pela primeira vez, se todos e cada um na nação concordava em assumir essa Mitzvá. E, uma vez que eles concordaram, receberam a Torá. No entanto, ainda resta esclarecer onde encontramos, na Torá, essa pergunta que foi feita aos filhos de Israel, e que eles concordaram com ela antes de receber a Torá.
26) Tenha em mente que estes assuntos são evidentes para toda pessoa educada no convite que o Criador enviou a Israel, através de Moisés, antes da recepção da Torá. É como está escrito (Êxodo 19:5), "'Agora, se certamente ouvirdes a Minha voz e guardardes o Meu pacto, então sereis para Mim uma Segulá [virtude/poder/cure] de entre todos os povos, pois toda a terra é Minha; e sereis para Mim um reino de sacerdotes e uma nação santa. Estas são as palavras que dirás aos filhos de Israel". E veio Moisés e chamou os anciãos do povo e pôs diante deles todas estas palavras que o Senhor lhe havia ordenado. E todo o povo respondeu em conjunto e disse: 'Tudo o que o Senhor disse, nós faremos'. E Moisés relatou as palavras do povo ao Senhor".
Essas palavras não parecem se encaixar em seu papel, porque o senso comum determina que, se uma pessoa oferece a seu amigo que faça algum trabalho e ela quer que ele concorde, ela deve lhe dar um exemplo da natureza desse trabalho e de sua recompensa. Somente então, o receptor pode examiná-lo, seja para recusar ou aceitar.
Mas aqui, nestes versos, parece que não encontramos nem um exemplo do trabalho nem sua recompensa, porque ele diz: “Se certamente ouvirdes a Minha voz e guardardes Meu pacto”, ele não interpreta a voz ou o pacto e ao que eles aplicam. Assim, ele diz: “então sereis para Mim uma Segulá de entre todos os povos, pois toda a terra é Minha”. Não está claro se Ele ordena que trabalhemos para ser uma Segulá entre todos os povos, ou se isso é uma promessa de benefício para nós.
Também devemos entender a conexão com as palavras: "pois toda a terra é Minha". Todos os três intérpretes - Unkelos, Yonatan Ben Uziel e o Talmud de Jerusalém- acham difícil interpretar estas palavras, como é o caso de todos os intérpretes - RASHI, Nachmanides, etc. Até Ezra diz, em nome do Rabino Marinos, que a palavra "para" significa "embora". Ele interpreta: "Então você será para mim uma Segulá de entre todos os povos, embora toda a terra seja minha". Até o próprio Esdras tende a concordar com ela, mas essa interpretação não coincide com nossos sábios, que disseram que "para" serve para quatro significados: "ou", "para", "mas" e "isso".
E ele até acrescenta uma quinta interpretação: "embora". E então termina o escrito: "e vós sereis para Mim um reino de sacerdotes e uma nação santa". Aqui também, não é evidente se esta é uma Mitzvá, e é preciso exercer nisto, ou uma promessa de benefício. Além disso, as palavras "um reino de sacerdotes" não são repetidas ou explicadas em nenhuma parte da Bíblia.
O importante aqui é determinar a diferença entre "um reino de sacerdotes" e "uma nação santa", pois pelo significado ordinário de sacerdócio, é um reino com santidade, e por isso, é óbvio que um reino onde todos são sacerdotes é uma nação santa, portanto as palavras "nação santa" parecem redundantes.
27) Entretanto, por tudo o que explicamos, desde o início do ensaio até agora, aprendemos os verdadeiros significados das palavras, pois seus papéis devem assemelhar-se a uma negociação de oferta e consentimento. Isto significa que, com estas palavras, Ele realmente lhes oferece toda a forma e conteúdo do trabalho em Torá e Mitzvot, e sua recompensa que vale a pena.
O trabalho na Torá e nas Mitzvot é expresso nas palavras: "E vós sereis para Mim um reino de sacerdotes". Um reino de sacerdotes significa que todos vocês, desde os mais jovens até os mais velhos, serão como sacerdotes. Assim como os sacerdotes não têm terra ou quaisquer bens corpóreos desde que o Criador é o seu destino, assim também a nação inteira será organizada para que toda a terra e tudo nela seja dedicado ao Criador. E nenhuma pessoa deve ter qualquer outro compromisso com ela a não ser observar a Mitzvot do Criador e satisfazer as necessidades de seu semelhante, de forma que a seu amigo não falte nenhum de seus desejos, de modo que nenhuma pessoa precisará se preocupar com ela mesma. Desta forma, mesmo trabalhos seculares como a colheita, semeadura, etc., são considerados exatamente como o trabalho com os sacrifícios que os sacerdotes realizavam no Templo. Como é diferente se eu observar a Mitzvá de fazer sacrifícios ao Criador, que é uma Mitzvá "para fazer", ou se eu observar a Mitzvá "para fazer", "Ame teu amigo como a ti mesmo"? Por conseguinte, aquele que colhe seu campo para alimentar seu semelhante é o mesmo que se sacrifica ao Criador. Além disso, faz sentido que a Mitzvá, "Ame teu amigo como a ti mesmo", seja mais importante do que aquele que faz o sacrifício, como mostramos acima nos itens 14, 15.
De fato, este não é o fim do assunto, pois toda a Torá e as Mitzvot foram dadas com o único propósito de limpar Israel, que é a limpeza do corpo, como está escrito no Item 12, após o qual ele receberá a verdadeira recompensa de Dvekut com Ele, que é o propósito da criação, como está escrito no Item 15. Essa recompensa é expressa nas palavras "uma nação santa", pois, através do Dvekut com Ele, nos tornamos santos, como está escrito: "Tu serás santo ao Senhor teu Deus, pois Eu, o Senhor Teu Deus, que Te santifica, sou santo".
E você vê que as palavras "um reino de sacerdotes" expressam a forma completa do trabalho no eixo do "Ama teu amigo como a ti mesmo", significando um reino que é todo de sacerdotes, que o Criador é sua posse, e que eles não têm posse própria de todos os bens mundanos. Devemos admitir que esta é a única definição, através da qual, podemos entender as palavras, "um reino de sacerdotes", pois você não pode interpretar isso com relação aos sacrifícios no altar, pois isso não pode ser dito sobre toda a nação, pois quem estaria fazendo os sacrifícios?
Também, no que diz respeito a receber os dons do sacerdócio, quem seriam os doadores? E também, para interpretar a santidade dos sacerdotes, já foi dito "uma nação santa". Portanto, isto deve certamente significar que é apenas que o Criador é seu domínio, que lhes falta qualquer bem material para si mesmos, ou seja, a medida plena das palavras "Ame teu amigo como a ti mesmo", que engloba toda a Torá. E as palavras "uma nação santa" expressam a forma completa da recompensa, que é Dvekut.
28) Agora entendemos plenamente as palavras anteriores, pois ele diz: "Agora, se certamente ouvirdes a Minha voz e guardardes a Minha aliança", o que significa fazer uma aliança sobre o que vos digo aqui: ser Minha Segulá de entre todos os povos. Isto significa que você será Minha Segulá, e centelhas de purificação e limpeza do corpo passarão por você para todos os povos e nações do mundo, pois as nações do mundo ainda não estão prontas para isso, e de qualquer forma, eu preciso de uma nação para começar agora, portanto será como um remédio para todas as nações. Por esta razão, Ele termina, "porque toda a terra é Minha", significando que todos os povos da terra pertencem a Mim, assim como vocês, e estão destinados a aderir a Mim, como está escrito no item 20.
Mas agora, enquanto eles ainda são incapazes de realizar essa tarefa, eu preciso de um povo virtuoso. Se vós concordardes em ser o remédio para todas as nações, eu vos ordeno que "sede para Mim um reino de sacerdotes", que é o amor aos outros em sua forma final de "amai vosso amigo como a vós mesmos", o eixo de toda a Torá e Mitzvot. E "uma nação santa" é a recompensa em sua forma final de Dvekut com Ele, que inclui todas as recompensas que podem até mesmo ser concebidas.
Estas são as palavras de nossos sábios ao esclarecer o final: "Estas são as palavras que você dirá aos filhos de Israel". Eles falaram com precisão, "Estas são as palavras", nem mais nem menos. Isto é desconcertante: como você pode dizer que Moisés acrescentaria ou tiraria as palavras do Criador ao ponto de o Criador ter que adverti-lo sobre isso? Não encontramos tal exemplo em toda a Torá. Pelo contrário, a Torá diz sobre ele: "pois ele é o de confiança em toda a Minha casa".
29) Agora podemos compreender plenamente que em relação à forma de trabalho em sua última maneira, como explicado nas palavras "um reino de sacerdotes", que é a definição final de "Ama teu amigo como a ti mesmo", era de fato concebível que Moisés se contivesse e se abstivesse de revelar toda a forma de trabalho de uma só vez, por medo de que Israel não quisesse se desprender de todos os bens materiais e dar toda sua fortuna e bens ao Criador, como instruído pelas palavras "um reino de sacerdotes".
É muito como Maimônides escreveu, que as mulheres e as crianças não devem ser informadas sobre a maneira do trabalho limpo, que deve ser para não serem recompensadas, e esperar até que cresçam, se tornem sábias, e tenham a coragem de executá-lo. Portanto, o Criador lhe deu o aviso acima, "nada menos", mas ofereceu-lhes a verdadeira natureza do trabalho, em toda sua sublimidade, expressa nas palavras, "um reino de sacerdotes".
Com relação à recompensa que é definida nas palavras "uma nação santa", foi possível a Moisés contemplar a possibilidade de interpretar e elaborar mais sobre o prazer e a sublime sutileza que vêm com o Dvekut com Ele, para persuadi-los a aceitar este extremo, a se desprenderem completamente de quaisquer posses mundanas, como fazem os sacerdotes. Assim, ele foi advertido, "não mais", mas seja vago e não explique toda a recompensa incluída nas palavras, "uma nação santa".
A razão disso é que se ele lhes tivesse contado as coisas maravilhosas na essência da recompensa, eles necessariamente usariam e assumiriam Seu trabalho para obter essa maravilhosa recompensa para si mesmos. Isto seria considerado trabalhar para si mesmos, para o amor a si mesmos. Isso, por sua vez, falsificaria todo o propósito, como está escrito no item 13.
Assim, vemos que, em relação à forma do trabalho expressa nas palavras “um reino de sacerdotes”, disseram-lhe, “não menos”. E sobre a medida pouco clara da recompensa, expressa nas palavras “uma nação santa”, disseram-lhe: “não mais”. (Punto 13).
Comentarios